03/01/2024 às 14h19min - Atualizada em 03/01/2024 às 14h19min
Recap 2023: As pessoas, projetos e eventos que brilharam na web3 brasileira
Salve, gente!
Feliz Ano Novo!
Como vocês estão?
Conseguiram descansar no fim do ano ou essa tensão pré-bull market deixou tudo mais puxado ainda? Espero que todo mundo tenha conseguido pelo menos parar para celebrar o fim de 2023 por que - como disse no Blocos On Chain anterior - ele não foi um ano fácil.
Para celebrar quem conseguiu brilhar num bear market tão sofrido quanto esse último, o Web3News criou o Prêmio Web3 Brasil. Se você ainda não votou, clique aqui para deixar seu voto - e prestar sua homenagem a quem você acha que tem se destacado na web3 brasileira.
Apesar de todas as dificuldades, nosso ecossistema tem muita gente construindo coisas legais. Por isso, hoje quero destacar várias pessoas, projetos e iniciativas que na minha opinião brilharam em 2023.
É a minha lista pessoal de quem acho que merece reconhecimento por seus ótimos trabalhos e que pode brilhar ainda mais em 2024, no sonhado cenário mais favorável que estamos esperando, com injeção de dinheiro e ânimo no mercado. Que venha o tão famoso e eufórico bull.
YT GAMERS
Começo com algumas pessoas que estão procurando outros caminhos via YouTube. Este ano podemos celebrar o surgimento e/ou crescimento de uma galera que está pelo menos tentando conseguir engajamento, audiência, relevância, renda etc de outro jeito que não seja pelo freak show atual do YouTube brasileiro de web3, que muitas vezes mais parece um trem-fantasma de thumbs patéticas, títulos mentirosos, xingamentos, piadas e comentários preconceituosos.
Tem muito canal pequeno com gente muito legal que espero ver crescer e brilhar em 2024.
Erich Marinelli é um deles.
Já conhecido na web3 brasileira pelo trabalho que desenvolve na Genial Investimentos (Incripto Explorer, apresentação de podcast) e pelas participações constantes em lives de outros canais, Erich viu no fim de 2023 o crescimento do seu próprio canal sobre games, o ErichcomCH. Suas lives agregam gameplays de diferentes jogos, informações interessantes sobre o mercado de games, tokens relacionados ao cenário gamer. Tudo de um jeito saudavelmente despretensioso.
É um alívio ouvir alguém que está ali apenas trocando ideias, resenhando de boa, dando dicas de jogos, falando com a audiência de um jeito normal, sem gritaria e sem aquela fala robotizada que domina os YouTubers que repetem ad infinitum as mesmas frases em todas as lives e a gente já não sabe mais se são pessoas ou NPCs. Erich está trilhando o caminho comum a todos, formando uma comunidade no YT, no Discord, mas sem o uso abusivo dessas regras de social media que ninguém aguenta mais.
Ele também vem usando o app brasileiro Gotas.Social de uma forma mais interessante, devolvendo benefícios à comunidade via sorteios. Há poucos dias o canal ultrapassou oitocentos inscritos e segue rumo à meta de mil. Acredito que em 2024, com toda a re-explosão de GameFi que está vindo por aí, vai crescer muito.
Quem também se destaca no YT BR de games web3 é o Canal do Marinho (clica aí pra não confundir com o de artes marciais do mesmo nome. rs) Com mais de cinco mil inscritos em seu canal, Marinho é incansável em produzir tutoriais e vídeos com dicas. Com seu jeito muito gente boa e pacato de ensinar, ele é um alento para quem quer aprender a jogar vários games.
Destaque para o seu divertido “Sunflower Land Tutorial mais completo do mundo”, no qual durante quase três horas ensina a esposa a jogar o fofinho jogo de fazendinha (que se provou resistente e seguiu firme em 2023, após o fim da nefasta Scam Games Season ). Marinho, como todo mundo, pede like, inscrição, promove seus referrals etc.
E o problema não é seguir o modelo farmer do YT para crescer o canal e fazê-lo gerar renda, o problema é fazer isso de um jeito cansativo e insalubre. Por isso, um viva a todo mundo como ele, que tenta crescer seus canais, mas de um jeito mais legal. Parabéns, Marinho, por sempre pensar com empatia em quem não tem grana alguma para investir em jogos web3 - e precisa jogar o modo free - sem o discurso ‘Faria Limer’ de “tem que botar o que você pode perder”, como se todo mundo nascesse de colete, tivesse dinheiro sobrando e não precisasse arriscar o pouco que tem numa tentativa de sobrevivência para complementar a renda precarizada.
Ainda na seara gamer, deixo também um salve para YouTubers de longa data, como o Moreze, que em 2023 seguiu resiliente dando dicas constantes de jogos, mesmo com o mercado em baixa. E um salve também para Kamila Limpi, que retomou seu pequenino canal no YT, o KahLimpi, onde há dois anos postava tutoriais de Axie Infinity, e agora faz tutoriais simpáticos de Pixels.
Infelizmente - e 2023 não foi diferente - ainda são muito poucas mulheres donas de canais de jogos web3. Há algumas sim, mas em quantidade infinitamente menor do que homens. Por isso, um salve para todas as minas gamers e seus canais.
MULHERES NA WEB3
Não é só entre os influencers gamers que somos poucas. No cenário de influencers em web3 como um todo temos muito poucas mulheres comparado ao número de homens. Por isso, todo ano é ano de saudar mulheres como Sabrina Coin e Giovana Simão, que estão há muitos anos na estrada de formar pessoas e levar conhecimento para mais gente. Bit das Minas, da Giovana, faz parte da história da web3 BR e foi responsável pelo embarque de muitas mulheres brasileiras em investimentos em criptomoedas.
Quem também merece um reconhecimento por atuar por mais mulheres no mercado é a exchange Bitso Brasil, que em 2023 realizou uma pesquisa sobre Mulheres e Cripto em nosso país. Conduzido pela Blocknews, da Claudia Mancini, e pelo Cantarino Brasileiro, o estudo mostrou que nos três primeiros meses de 2023, 28,4% a mais de mulheres brasileiras investiram em cripto em relação ao ano anterior. Fiz na época uma coluna sobre a pesquisa e você pode ver mais detalhes aqui.
Em 2023, a Bitso BR, que tem várias mulheres em cargos de liderança, fez dois pequenos eventos para mulheres em São Paulo promovendo uma networking entre investidoras e profissionais de web3. Que em 2024 venham mais eventos assim.
COMPARTILHANDO CONHECIMENTO
Entre os influencers em geral de investimentos em web3, em 2023, vimos o canal no YT do fantástico Zulu Martimiano chegar a mil inscritos. Zulu tem uma das melhores didáticas da web3 BR. Consegue, como poucos, explicar conceitos complexos de uma maneira extremamente fácil e acessível.
Faz um trabalho consistente de traduzir as notícias, os lançamentos, as novidades, as ferramentas, indicar o que realmente é relevante para quem não é familiarizado com o dialeto criptonês que impera no mercado. Trabalho esse reconhecido pelo próprio Google que, em 2022, o incluiu entre os 100 criadores de conteúdo do seu Black Creator Program.
Talento para didática é enfim uma área em que a gente pode comemorar - e muito - na web3 BR. Em 2023 vimos surgir e/ou chegar a um público maior pessoas com o dom de ensinar fundamentos da web3. São muitos os destaques mas quero chamar a atenção para duas pessoas que considero excelentes, cada um em sua área. Rogério Menezes e Juan Lopes.
Rogério Menezes é um dos integrantes da Rad Capital, projeto que nasceu no bear market e deve crescer muito no bull. Tem profundo e excelente conhecimento dos fundamentos DeFi e é absolutamente fantástico ao explicar finanças descentralizadas para qualquer pessoa, leiga ou não.
Consegue passar os conceitos, ensinar montagem de pools de liquidez, como utilizar ferramentas das plataformas, entre muitas outras coisas, de um jeito impressionantemente leve, assertivo e extremamente eficaz. Sem arrogância e com muita simpatia, suas lives são aulões agradáveis e imperdíveis. Se houvesse um prêmio de ‘Melhor Didática’, certamente, seria dele.
Muitos influencers têm enorme conhecimento, mas para ser bom de verdade em ensinar é preciso um fator a mais: empatia. E isso Juan Lopes tem demais. Juan tem brilhado nas lives da Carteira de Airdrops da On Crypto Pro, plataforma paga de ensino lançada pelo (também excelente em didatismo) Orlando Telles.
É ele o responsável pelos tutoriais de como farmar para ganhar airdrops. São aulas impecáveis. A Airdrop Season está sendo responsável por atrair um novo público de cripto. Pessoas que ainda não são familiarizadas com os conceitos e a complexa - pra não dizer tortuosa - web3 UX. Não é fácil aprender tudo de uma vez.
Sejamos honestos e paremos para relembrar quanto tempo levamos no começo das nossas jornadas para aprender dentro da experiência de usuário a fazer aquilo que hoje nos parece simples? Quantas vezes não cometemos erros que hoje parecem óbvios? Pois para ensinar bem é preciso se colocar nesse lugar. E isso requer um talento especial. O talento de se despir de toda a sapiência acumulada ao longo de anos - e penosos erros - e enxergar como alguém que nunca viu nada daquilo pensaria. Juan faz isso naturalmente e com tranquilidade ao longo das suas lives de tutoriais.
É extremamente atencioso não só ao mostrar onde clicar, por que clicar, como em prever que do outro lado da live pode acontecer processos diferentes para quem está assistindo e não tem familiaridade com a experiência. Um de seus grandes méritos consiste em explicar como fazer o certo e o que pode dar errado. E isso, para quem está começando, é fundamental. Nota dez em didática.
Por falar em airdrops, deixo um salve também para o Sardinha Esperta (não confundir com o Investidor Sardinha). Com seu jeito acelerado, cafeinado e divertido (ouvi-lo esculhambar airdrop de pão de queijo é hilário), Sardinha tem sido incansável em ensinar de graça como farmar, entrar em whitelists, lançamentos de games e coleções de NFTs.
É a salvação de quem não tem dinheiro para pagar cursos, assinaturas, grupos de WhatsApp, Telegram etc. É constante em divulgar oportunidades em lives abertas no fim de noite. Dá bronca, pega no pé, mas, no fim, acaba motivando, alertando e dando grandes dicas para que seus seguidores não percam chances de investimentos com bons retornos.
Na mesma linha de ajudar quem não tem “dinheiro para perder”, um salve para Fabio Catalão e CryptoCria. Catalão faz um trabalho bastante consistente informando não só sobre os projetos os quais representa (Starknet, Braavos, Carmine, MySwap), mas também sobre outros ecossistemas. Sua comunidade, Hope, é extremamente engajada deverá crescer muito em 2024.
E um salve também para o misterioso Lobo Cripto. Quem diria que um dia assistiríamos a lives de lobos? Pois é. Mas por trás do avatar lobístico tem bastante conhecimento gráfico.
Lobo faz lives diárias, transmitindo com muita clareza suas interpretações e análises gráficas dos principais movimentos do mercado e seus tokens. Sua alcateia segue crescendo e seu canal já chegou a 18 mil inscritos.
COMUNIDADES
Comunidades seguem sendo um dos mais fortes pilares da web3. E no Brasil temos muitas comunidades interessantes que, a despeito do bear market, seguiram crescendo. Na área de investimentos, é notável o engajamento da comunidade Yield Hackers, criada pelo Caio Vicentino, o Major, que em 2023 alcançou expressivo valor de mercado. Suas reuniões semanais no Discord já reúnem mais de duzentas pessoas (a última do ano reuniu 268 Yield Hackers) numa troca permanente e intensa de alphas, informações e conhecimentos em cripto.
Outra comunidade que atravessou 2023 com consistência foi a MEGADAO. Já citei aqui na Blocos On Chain o quanto admiro o trabalho de formação que eles fazem. Também já citei o Dollar como um grande community manager e hoje quero ressaltar também o trabalho importante da Carolss na MEGA para - no frenesi do dia a dia - manter a liga necessária e indispensável para uma comunidade ter foco e de fato ser relevante para os participantes.
Um salve também para a comunidade brasileira do Upland, o jogo que, ao lado de Rollercoin, é um dos mais longevos games em blockchain. Foi lançado em 2018. Entra ano, sai ano sua comunidade segue firme, animada, independentemente dos ciclos de mercado. É uma comunidade pulverizada, formada por independentes Discords, diferentes grupos de Telegram, WhatsApp e canais no YT, não necessariamente interligados.
Tem um trio no Brasil bastante conhecido de jogadores/influencers, Mucida, Nobre e Vini. Mucida, que já foi eleito o Melhor Jogador de Upland, em Las Vegas, tem o maior canal de Upland no mundo, o Upland Brasil, com mais de nove mil inscritos. Upland e sua mascote, a lhama Miles, estão sempre presentes nos grandes eventos de web3 no Brasil, onde capturam novos jogadores.
Em 2023, fizeram ação até numa prova de Stock Car, no Autódromo de Interlagos, em SP, com a participação da atriz Deborah Secco. Um trabalho desenvolvido por Ney Neto, líder LATAM do Metaverso do Upland, que merece o reconhecimento de ser um dos grandes community builders da web3 BR.
Outro game que em 2024 deve ver sua comunidade crescer ainda mais é o Grupo Pixels da comunidade Axie & Ronin Brasil. Administrado por Tonhaca, Sourbeck e Richard Couto, o grupo é uma divertida comunidade no WhatsApp naquele estilo de 999 mensagens por hora travando o celular de tantas trocas de informação, pedidos de ajudas e tretas repetidas (claro…rs). Pixels vem ganhando tração de jogadores e já conta com 33 mill DAUs (Usuários Ativos Diários).
A migração da rede Polygon para a Ronin atraiu uma base saudosa de jogadores de Axie Infinity que, ansiosamente, esperam sempre por um “novo Axie”. E a Game Season do próximo bull está chegando com melhores práticas, pelo menos no que diz respeito a sabermos quem está por trás dos jogos. Pixels tem uma relação próxima dos fundadores, Luke e Heidi, que há um ano e meio, desde o início do jogo, fazem AMAs para a comunidade toda quarta-feira, no mesmo horário.
Em uma das últimas do ano reuniram mais de 2 mil jogadores. E se quiserem saber a fórmula de tanto sucesso, eles desenvolveram um interessante mecanismo de recompensa de energia dentro do game para o player que assiste às AMAs. Muito divertido ouvi-los relembrar as primeiras lives quando lançaram o game e a felicidade que sentiam quando havia apenas doze pessoas assistindo.
Alguns outros jogos que atravessaram 2023 com lives/spaces/AMAs etc dos seus fundadores ou desenvolvedores todas as semanas religiosamente foram Common Ground (o ex-Town Star da Gala Games) e Honeyland, com seu carismático founder, Corey Wright.
E um salve também para todo mundo que colabora com a Casta Guilda, do Rafael Castaneda, o Casta. Casta se destaca por estar tentando construir um novo modelo de comunidade/DAO/coletivo que fuja do “quem tem mais dinheiro manda mais”. Até porque se DAOs forem regidas apenas pela dominância de poder econômico não tem novidade nenhuma nelas.
É só um nome novo para algo muito antigo que acontece na humanidade desde os primórdios da civilização. Disrupção e novidade zero. Casta tem também algumas das melhores palestras de 2023. Em maio, no Rio Cripto Day, falou sobre Permacrise e o impacto dela no desenvolvimento de uma nova Economia de Comunidades.
E, em novembro, no NFT.Rio, palestrou sobre Valocracia, o conceito que está aplicando em sua Guilda e que incentiva as pessoas a agregar valor ao coletivo. Ou seja, o esforço individual se torna um ativo de propriedade do indivíduo e pode ser mintado.
BUILDERS
Entre os builders, mais um ano de destaque para Rodrigo Caggiano, da MobiUp. Ao longo de 2023 citei aqui na coluna alguns destaques deles, como a visita de Tim Draper ao stand da It’s Ramp, na Web Summit, e o primeiro lugar no Hackathon da BlockchainRio. Caggiano é empresário do mundo digital há quase 20 anos, formado em Blockchain no MIT e referência no ecossistema brasileiro.
Em 2023, vale também ressaltar a atuação do Ariel Alexandre, co-fundador do Gotas.Social. Baseado em Portugal, Ariel tem uma trajetória profissional interessantíssima. Começou no rádio, como locutor da Transamérica e Jovem Pan, e quando migrou para o digital, se transformou no que chamamos de Serial Entrepreneur.
Entre seus projetos, tem o NTP - NFT Ticket Pass, Rough Diamonds, LiveCo, de live commerce, Celebryts, Reminds, Amomuito.com, e a pioneiríssima VideoLog, nada mais nada menos do que um YouTube, do longínquo ano de 2004. Sua série de lives Mindblowing, às sextas de manhã, no canal do YT do João Hazim, foram excelentes, sempre com bons debates de cases e ótima curadoria de convidados de outros projetos digitais num cross positivo para além da bolha web3.
Outro builder que merece destaque é Caíque Nucci, da Complete Magazine, uma startup que desenvolveu um belo modelo SaaS (Software as a Service) de comunicação e experiências imersivas pros setores de moda, beleza, design e comportamento. Através de uma plataforma phygital, as marcas podem divulgar seus produtos usando NFTs, RA e tokens de recompensa.
E os consumidores podem experimentar de modo virtual os produtos físicos que queiram comprar. Já captaram uma boa rodada de investimento e em 2024 devem crescer bastante.
Todo ano é ano de saudar Helô Passos, builder veterana da web3 brasileira. E, em 2023, ela e o time da Trexx composto por Sabrina Olivo e Vinicius Chagas arrasaram ao vencer o Hackathon da Ethereum em Cingapura na categoria de bem público de impacto social. Ganharam elogio do Vitalik Buterin em pessoa que parou pra conversar com a equipe, como mostra esse video aqui publicado no Valor Econômico.
Sabrina Olivo também foi um dos maiores nomes da nossa web3 em hackathons esse ano ao vencer oito hackathons seguidos. Um feito e tanto. Que em 2024 a gente veja mais mulheres não só participando mas, como Sabrina, vencendo hackathons. Aliás, além de Helô, outra veterana que tem que ser saudada todo ano é Solange Gueiros. Desenvolvedora de blockchain, Solange dá aulas e oficinas fantásticas de desenvolvimento de contratos inteligentes, além de construir excelentes eventos como a ETH Samba.
E antes de falarmos dos eventos, um último salve para Fabricio Miranda e toda a galera que está construindo a Stake Together, um dos projetos mais interessantes lançados em 2023 na web3 BR. Uma plataforma de staking de Ethereum com uma UX bem acessível para quem não é familiarizado com a experiência, onde o usuário pode - ao fazer o staking - escolher um projeto para apoiar. Ao fazer isso, a pessoa está delegando rendimentos e taxas para esse projeto.
Ou seja, o usuário ganha e o projeto também. Torço muito para que a Stake cresça porque é uma oportunidade para comunidades, DAOs e projetos monetizarem. Em menos de um mês de lançamento, a Stake Together já tem depositados em sua plataforma mais de 130 ETHs. Um feito e tanto. Que em 2024 ela vire um projeto brasileiro de relevância global.
IMPACTO SOCIAL
2023 foi o ano do 2050, coletivo do Santo Amaro no Rio de Janeiro. Durante o ano todo, em vários Blocos On Chain citei projetos deles, entre eles o lançamento de uma galeria de arte física no Morro Santo Amaro e o fantástico trabalho de educação em web3 que eles desenvolveram em várias cidades de diferentes regiões pelo MC Metaverso Brasil.
E no finzinho do ano ainda teve a sensacional oficina “Tecnologias e Metaverso: Escaneando as aparelhagens” com Gean CG, no maior festival de Belém do Pará, o Psica.
Também no Rio de Janeiro, quem sempre merece ter seu trabalho destacado é Carol Santos, do Educar+, no Complexo do Chapadão. Além deste trabalho, Carol teve um papel fundamental no desenvolvimento dos eventos da Women in Ethereum, importantíssimos para o fortalecimento do networking feminino, e fez em 2023 o maior Bootcamp de Impacto Social já feito no Brasil, na PUC-RJ. A Educar+ é um projeto referência em inclusão digital, atendendo diariamente mais de 130 crianças e adolescentes em contra turno escolar.
Carol merecidamente venceu o Breakout Awards na categoria Projeto com Maior Impacto Social e também marcou presença nos Encontros Formativos da Agenda Cidade do UNICEF. Parabéns para todas as pessoas e projetos, como Instituto PHI, Nebula web3, Associação de Fomento Saúva, Upland Brasil, Cursed Stone, por apoiarem as iniciativas do Educar+.
E o Rio de Janeiro viu em 2023 o crescimento de mais dois projetos de impacto social. É preciso parabenizar - e muito - as lideranças que mesmo sem apoio e investimentos seguem buildando, fazendo diferença real na vida de tantos jovens nas periferias. Thais Santana é uma delas.
Seu trabalho como CEO da Futuro On é louvável. Em um ano, o projeto atendeu mais de 100 alunos com aulas de web3 e games no Complexo da Coruja, em São Gonçalo. Muito lindo ver a explosão de alegria de 7 jovens do projeto ao serem campeões do 1o e 2o lugares do Hackathon de Criação de Avatares, no Encontro de Comunidades, promovido pela Play4Change.
Ainda no Futuro On merece destaque o trabalho de Lucas Fernandes, um jovem programador de enorme talento, criador do game A Lenda de Yara, sobre uma menininha indígena que defende sua floresta.
E um salve também para o Favela Tracker, projeto nascido em 2019, na Favela do Jacaré, em Cabo Frio, no litoral do Estado do Rio, e que atualmente desenvolve, com apoio do Parque Tecnológico da UFRJ, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, o game web3 Pequena África, baseado nos fatos históricos acontecidos no Cais do Valongo, Patrimônio Histórico da Humanidade por registrar vestígios materiais da chegada nas Américas dos povos escravizados.
O projeto está na fase de selecionar jovens moradores das favelas da região, no Centro do Rio, para interpretar a história com seus personagens e trabalhar na produção do game.
Mais um projeto que todo ano merece aplausos é o Blockchain na Escola, que forma educadores de blockchain, treinando professores do ensino médio da rede pública para ensinarem blockchain, finanças descentralizadas e finanças regenerativas aos alunos, e este ano formou base em Salvador.
Um salve sempre também para a Blockdeaf, comunidade web3 de pessoas surdas, que tem entre seus expoentes Joaquim Amado, fundador da World Deaf Tech e da Deaf Developers. Em 2023, eles brilharam participando de vários eventos como a BitConf, em março, em SP, que, além de interpretação em libras em todas as palestras, teve um momento emocionante quando a comunidade surda presente subiu ao palco em peso e foi aplaudida.
A Blockdeaf também participou das duas BlockchainRio, a de SP e a do RJ, num marco inédito na web3BR, onde pela primeira vez tivemos pessoas surdas como painelistas falando de tecnologia. Se eu tivesse que escolher qual o momento mais emocionante do ano, escolheria com certeza o painel da BlockchainRio, na USP, em que Joaquim Amado, juntamente com Roberto Paciullo, expuseram suas ideias sobre blockchain, tecnologias emergentes, programação e inclusão, com a sempre ótima interpretação em libras do Pedro Henrique Leite.
Não foram poucas as pessoas na plateia que se emocionaram e choraram durante a apresentação, ao perceberem o quão relevante é ter - de verdade e não apenas como discurso - inclusão na sociedade. O painel, moderado pelo Casta e que contou também com a participação de Alan Galeiro, do Cursed Stone, que faz um importante trabalho de apoiar e promover a Blockdeaf, entrou para a história da web3BR.
Quem assistiu jamais esquecerá. E que sensacional ver a Blockdeaf participando de três hackathons este ano, num deles desenvolvendo a Vibra, uma wallet web3 que funciona sem internet, por meio de SMS, e sem aplicativo, instalada na memória do celular, e que pode ser usada, por exemplo, em regiões remotas ou atingidas por catástrofes.
EVENTOS
E falando de momentos mais emocionantes do ano, outro que eu elegeria como imagem mais bonita da web3 em 2023 aconteceu, em junho, no NFT.Brasil. A cena da algazarra de centenas de crianças e adolescentes da rede municipal de ensino correndo alucinadas e felizes pelo Pavilhão da Bienal do Parque do Ibirapuera, em SP, se jogando nas salas de experiências imersivas, na fila para usar os óculos de realidade aumentada, admirando as obras de NFTs expostas, foi linda demais.
Até jornalistas-mirins fazendo reportagens, lives nas redes sociais, entrevistando os artistas tivemos naqueles dias encantadores. A parceria do evento com a Secretaria Municipal de Educação de SP, que permitiu levar os jovens ao evento é algo que deveria ser seguido por todos os outros eventos que têm a formação de público como intenção. Um golaço.
O NFT.Brasil como um todo foi espetacular. Iniciou com Spaces muito legais que, meses antes, começaram a reunir a comunidade brasileira de NFTs, trazendo discussões entre artistas, colecionadores, builders e o público em geral. Três palcos simultâneos nos dias do evento agregaram boas e interessantes discussões com um sistema de fones que permitia acompanhar os debates mesmo à distância.
Foi o maior evento de web3 do ano com quase 600 obras expostas em um local icônico na história da arte no Brasil. Mais de 180 artistas nacionais e internacionais curados e mais de 100 painelistas e palestrantes. Parabéns pra todo mundo que sonhou e realizou o evento. Vocês foram gigantes.
BlockchainRio eu citei em Blocos On Chain anterior que fez um golaço também ao se unir a eventos da USP na sua edição paulistana. Neste recap eu saúdo o fato de terem incluído na programação da versão de SP uma trilha de autismo. O painel Autismo e Mulheres na Tecnologia, com a participação de Bruna Marin Rossetto, Charlene Leal, Elise Lisboa, Patricia Aiello e Taynaah Reis, da Incluziva, foi um dos pontos altos de todo o evento.
Outro evento em SP que foi fantástico foi a 4a edição da BR_IFW, a Brazilian Immersive Fashion Week, evento de moda imersiva, criado pela Olivia Merquior. Em 2023, unido a Wired Conference, aconteceu no primeiro dia fisicamente no State e no segundo dia no metaverso do Nowhere. É sensacional ir ao BR_IFW e ver a cada ano o aumento do número de criadores independentes, marcas de moda, profissionais cada vez mais criativos.
Teve um line-up muito bacana do 2o ano do Avatar Talent Show, uma competição em que avatares da América Latina tiveram a chance de mostrar seus talentos. Tivemos ainda debates incríveis sobre o futuro da moda - cada vez mais intrínseco às tecnologias emergentes - oficinas, exposições, sala imersiva.
E aquilo que achei de mais potente, ver uma intensa networking entre os artistas, designers, projetos, marcas, estudantes. Por isso, se você tem interesse, já corre para se inscrever pro ano que vem. A BRIFW5 já tem data, será em agosto de 2024 e, mais uma vez, imperdível. Enquanto agosto não chega recomendo muito acompanhar os cursos que Olívia dá sobre Inteligência Artificial, Avatares, Futuro da Moda e do Marketing. São excelentes. Olívia tem o dom de ministrar cursos com mão na massa nas ferramentas e experiências práticas, aliados a reflexões e aprendizados de profundos conceitos de filosofia e arte. Sou muito fã.
Por falar em Rio de Janeiro, a cidade reinou com os dois maiores eventos de público do ano. Rio Web Summit (recap aqui) e Rio Innovation Week foram gigantes. O primeiro reuniu, no Riocentro, mais de 21 mil participantes, de 91 países – um recorde para os Web Summits que acontecem em várias cidades do mundo - com 974 startups de 28 países. Já o RIW foi muito interessante por unir em um mesmo evento as mais diferentes áreas de tecnologia.
Foi fantástico ver a galera do NFT.Brasil ao lado da galera de games da web2, um pavilhão inteiro dedicado à tecnologia na agricultura, debates com temas importantíssimos, como racismo algorítmico e inteligência comunitária. Resumindo, foram dias de troca de conhecimentos muito intensos.
E que alegria ver Salvador crescer em eventos web3. Em abril tivemos o Cripto Connect. Em novembro teve o Salvador Web3Day, que gerou um grupo local no Telegram que está com muitas ideias e ações, querendo organizar um hub físico de web3 na cidade com encontros mensais.
E em dezembro aconteceu ainda no Sebrae Costa Azul o 1o CriptoBahia, criado pelo Alan Silva. Foi uma oportunidade para os empreendedores baianos se conectarem com o mundo das criptos. Além do Alan, o evento contou com a participação da Luciana Sousa, CEO e fundadora da Delas Perifa - uma startup de capacitação de web3 para mulheres negras -, Alexandra Camilo, especializada em compliance para empresas de web3 e Léo Oliveira, criador da coleção de NFTs AfricanGods. Um timaço.
E, por fim, 2023 também foi o ano em que vimos nascer a Breakout, uma iniciativa muito interessante pro ecossistema brasileiro. Ela nasceu como uma conferência com uma bela exposição de NFTs e debates, em SP, e depois expandiu para várias outras iniciativas, como o lançamento do Cyberhunt, um app de experiências gamificadas em evento, uma bela parceria com a Prohibition, que promoveu o lançamento de coleções de NFTs de artistas brasileiros, e uma premiação para a web3 BR, o Breakout Awards. Que venham mais novidades em 2024!
SALVE PARA TODOS
Se eu fosse citar todos os projetos e pessoas que admiro e que tiveram a resiliência de encarar 2023, só ia terminar de escrever em 2024. Mas não tenho como terminar essa coluna sem dizer que admiro demais o Blockaffee, pra mim disparado o melhor podcast da web3 brasileira. Criado e super bem produzido por Uai So Serious, Blockaffee tem por característica ser sempre profundo em análises e reflexões.
Em 2023 brilhou ao fazer, em outubro, um Especial CBDC de 4 episódios sobre as moedas digitais de bancos centrais e o nosso Drex. Falaram de tecnologia, privacidade, indústria, teve episódio com representante do Banco Central brasileiro. Blockaffee é aquele tipo de podcast que não importa qual seja o convidado e sua área, a conversa sempre vai ser interessante de ouvir.
Quem também merece muitos aplausos é Andreia Marin Martins pelo projeto Livros NFT, uma parceria da Usphera com o Via NFT. Livros NFT é uma plataforma para a venda de livros digitais NFTs e fez seu lançamento na 69a Feira do Livro de Porto Alegre, em outubro.
Foram lançados 3 livros como NFTs: Português Prático, Os pecados da língua e Pequeno repertório de grandes erros de linguagem. E como é legal ver chegar ao mercado, depois das obras de arte e da música, livros que poderão ser revendidos em mercados secundários, gerando mais uma cadeia de valor sobre um bem cultural. Que venham mais livros em 2024!
Salve também para Mauren Motta, também de Porto Alegre, e sua ConexHub, que vem se destacando na criação de interessantes conteúdos em CGI para marcas como Colcci, Zaffari, Mundo Pixar e outras.
Pra terminar um salve para a galera da cerveja Public Good!
Sim, temos uma cerveja web3 saborosa pra chamar de nossa. Seus embaixadores estão sempre nos eventos distribuindo a simpática e muito bonitinha latinha, num trabalho de awareness e engajamento.
E é com um brinde a todo mundo que atravessou 2023 que agora encerro mesmo.
Que 2024 seja um ano de muito crescimento para todos que de alguma forma ajudam a buildar a web3 Brasil.
Feliz Ano Novo, gente!
Bjs Guta Nascimento é jornalista especializada em tecnologias emergentes e trabalha com onboarding por meio de palestras, lives, aulas, talks e painéis. Para saber mais, leia Web3 Para Todos.
Podcasts: DCLBRASIL #16 (coordenadas -107, -94 no Decentraland)
Filoversando #05, Blockaffee #39, Ela por Elas, Metacast #49 e Cryptalk Caxt#11
Lives: NFT não é uma figurinha e Construindo no Upland
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