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O show da Taylor Swift no Brasil trouxe uma novela excêntrica envolvendo cambistas, e levanta quase em coro um clichê do mercado cripto: "Blockchain solves it", ou blockchain resolve.
O enredo, digno de ser chamado de uma "Jabuticaba", algo único no Brasil, inundou os veículos de mídias. O fato é que a cantora virá pela primeira vez ao Brasil, e a compra dos ingressos abriram às 10h, no último dia 12 deste mês.
Todavia, os ingressos para o “The Eras Tour” foram foco de polêmicas no país e se esgotaram em poucos minutos, e fechou portas para quem aguardava na fila online.
Na internet, foram relatados por milhares de pessoas, um mercado secundário de cambistas, onde as ofertas chegavam até a R$ 18 mil.
Todo o caso chegou até o Procon de São Paulo e causou revolta entre os fãs da artista.
A empresa por trás das vendas, Tickets For Fun (TF4), foi inclusive notificada pelo órgão em uma análise preliminar das reclamações de consumidores registradas no site do órgão de defesa do consumidor.
A partir disso, entre a comunidade de criptomoedas e blockchain, um grande clichê foi levantado: blockchain resolveria tudo isso.
Os clichês são clichês por alguma razão. De forma paradoxal, até essa afirmação se enquadraria como exemplo.
A tecnologia blockchain já está sendo pensada para distribuição de ingressos e vendas online ao redor do mundo, por seu caráter rastreável e transparente.
A rede garante a propriedade do ativo ao usuário, e pode ser transferido ponto a ponto, e distribuído de diversas formas.
Em caso concreto, vale ressaltar uma das gigantes internacionais do setor de eventos Ticketmaster.
A empresa anunciou sua entrada na tecnologia em agosto do ano passado, e lançou sua plataforma para experimentar os casos de uso.
A parceria entre a empresa abrange nomes intrínsecos e nativos da Web3, como a Dapper Labs e a rede pública Flow.
Novas tecnologias permitem novas possibilidades
A Web3 está em constante evolução, e os desenvolvedores propõem diversas aplicações novas para fomentar o meio.
Em uma das propostas recentes, apareceu o padrão de token ERC-6551, que permite a criação de um NFT capaz de controlar carteiras virtuais capazes de armazenar outros ativos como criptoativos e até outros NFTs.
Em tese, o NFT se tornaria o controlador de um, ou mais, endereços virtuais, como uma carteira transferível.
Neste formato, um NFT carteira, assim o apelidando, poderia deter mais de um endereço virtual, mas um endereço virtual apenas poderia pertencer a um NFT carteira.
A aplicabilidade em uma venda de ingresso, por exemplo, poderia ser vista como uma conta NFT, que armazena ingressos de shows.
A rastreabilidade pública das transações também é um fator que facilita auditoria de fraudes.
O fato de ser compatível com contratos inteligentes também poderia, por exemplo, abrir portas para uma venda mais organizada, onde os proprietários da da carteira NFT da empresa participem da fila online, e recebam seus ingressos diretamente nos endereços controlados por eles.
Um cliente, poderia deter um NFT que controle outros endereços. Mas cada endereço poderia ser criado para um show, ou um propósito diferente.
Apenas com os NFTs já existentes, já era possível delimitação de pessoas por ingresso, impedindo por código que um , ou mais, ingressos sejam enviados a mesma carteira.
Agora, a possibilidade se abre para que mais de um endereço receba ingressos, ou ativos, e ainda assim estarem vinculados à mesma conta, ou seja, ao ERC-6551.
Também é possível imaginar um cenário de resgate de pontos e de venda secundária da própria conta do cliente.
Imagine que a empresa faça um sistema de pontos, resgate de ingresso, ou até mesmo um cartão fidelidade que permite o usuário de resgatar um desconto em sua próxima compra.
Os pontos agora podem ser em formatos de criptoativos, e todos armazenados em um NFT principal.
O NFT por sua vez, pode ser vendido em mercado secundário, pelo próprio cliente, ou trocado por outros benefícios.
As possibilidades, tanto no mundo de criptoativos, como nos de venda de ingressos são extensos, mas o ponto principal é a propriedade virtual, e negociação mais justa entre os que desejam ter uma experiência como um show da Taylor Swift.