02/09/2024 às 08h15min - Atualizada em 02/09/2024 às 08h15min

Doping nos Esports: a ameaça silenciosa que põe a saúde dos atletas em risco

Especialistas advertem sobre os desafios éticos e técnicos em meio ao crescimento explosivo da indústria dos esports, onde o uso de cheats e hacks ameaça a integridade das competições e a saúde dos atletas

Em meio ao rápido crescimento da indústria dos esports, surge uma preocupação crucial: o doping digital. Este fenômeno envolve o uso de cheats, hacks, software de terceiros ou manipulação do código-fonte dos jogos para obter vantagens indevidas durante as competições.

As acusações de doping começaram a assombrar os esportes eletrônicos em 2015, com o caso de Kory "Semphis" Friesen. Na época, o atleta de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO) afirmou em entrevista que ele e os seus companheiros da Cloud9 usaram Adderall antes de um torneio em Katowice, na Polônia. A substância, cuja venda é proibida no Brasil, age como estimulante da atividade cerebral - usado para o tratamento de transtornos psicológicos, principalmente TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). O efeito do medicamento é aumentar o poder de concentração e memorização do paciente, mas que também pode causar dependência e até mesmo um AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou uma parada cardíaca, caso o organismo já tenha alguma pré-disposição para tal.

Em resposta, na ocasião, a ESL anunciou a instauração de um sistema antidoping em seus torneios. Determinando a aplicação de diretrizes e regras, foi iniciado o monitoramento do uso de drogas para melhoria de desempenho nos eventos da ESL. A fim de promover os esforços antidoping nos EUA, Ásia e Austrália, a organização somou forças com a Nationale Anti Doping Agentur (NADA), e a World Anti Doping Agency (WADA).

Assim, em agosto de 2015 foram feitos testes de pele nos atletas da ESL One: Cologne. O processo passou a ser usado em eventos da Intel Extreme Masters, ESL One e ESL ESEA Pro League.

Bruno Cassol, sócio do escritório Marques & Oliveira Advogados, especializado em games e e-Sports, explica como o doping digital se manifesta: “Ocorre no e-Sports através do uso de cheats, hack, software de terceiros, ou ainda manipulação do código fonte do jogo”.

Manuela Oliveira, também sócia do escritório, alerta para os riscos do doping genético, que embora incipiente nos e-Sports, levanta sérias preocupações éticas e legais.

A sofisticação crescente das técnicas de doping, tanto no campo digital quanto biológico, destaca a necessidade urgente de regulamentações mais rígidas e conscientização entre os atletas e gestores. Segundo Cassol, “O doping, em qualquer forma que se manifeste, não só compromete a integridade da competição, mas também coloca em risco a carreira e a reputação dos jogadores”.

O Advogado Netshoes Miners, especialista em Direito Desportivo e membro de várias entidades relacionadas ao setor, destaca a urgência de enfrentar os desafios impostos pelo doping no cenário dos jogos eletrônicos. Em suas declarações, Miners ressalta a disparidade regulatória que marca os esports em comparação aos esportes tradicionais, onde a falta de um código antidoping unificado e a dependência de regras estabelecidas por publishers individuais contribuem para a inconsistência e a falta de transparência nas políticas antidoping. Ele sublinha que, enquanto substâncias como Adderall e Ritalina são amplamente utilizadas para melhorar o desempenho cognitivo dos jogadores, a falta de uma supervisão eficaz pode comprometer não apenas a integridade das competições, mas também a saúde dos atletas.

O especialista também destaca os desafios éticos e legais emergentes associados ao doping digital e potencialmente genético nos esports, onde o uso de cheats, hacks e modificações no código-fonte dos jogos levanta preocupações significativas. Para Miners, é essencial que a indústria invista em tecnologias avançadas de detecção e prevenção, como inteligência artificial e machine learning, para garantir um ambiente competitivo justo e proteger a reputação dos jogadores. Ele enfatiza que, sem uma abordagem unificada e proativa para lidar com essas questões, os esports correm o risco de comprometer sua sustentabilidade a longo prazo, minando a confiança dos fãs e investidores no setor.

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