07/12/2022 às 11h18min - Atualizada em 07/12/2022 às 11h18min

​Uma carta ao Meta

Ultimamente, tenho pensado muito sobre o que eu diria se escrevesse uma carta para o Meta e Mark Zuckerberg, o que eu diria se eu pudesse olhar para Mark e dizer realmente como me sinto sobre Realidade Virtual (VR), Oculus e toda a sua estratégia de negócios.

Antes de começar, vou fazer um adendo: Não quero ser mal-entendida aqui. Eu acredito no metaverso e em todo o seu potencial para replicar a realidade física. Na verdade, estou preocupada com toda a indústria de VR, principalmente depois que o Meta perdeu 70% do valor da empresa em um ano.

Então aqui vamos nós:
Caro Mark, antes de entrar nas críticas, vou começar com alguns elogios. Em 2014, você comprou a startup Oculus, uma empresa que praticamente sozinha revitalizou a indústria de Realidade Virtual. 

Eu sou grata por isso, principalmente porque essa aquisição possibilitou que desenvolvedores finalmente conseguissem ganhar bem com o desenvolvimento de softwares para VR. E realmente, VR é uma das tecnologias mais legais que surgiu na última década, e eu sei que não sou a única que pensa isso.

Então, Mark, como tudo deu tão errado? Meta, eu entendo que você é uma Empresa gigantesca, que emprega mais de 80.000 pessoas... bem, 70.000 pessoas. Sei que administrar um negócio como Facebook, Instagram, WhatsApp e Oculus deve ser absurdamente difícil, mas de uns tempos para cá, parece que tudo que foi construído está desmoronando rapidamente. 
Mark, você, como CEO de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, possui uma responsabilidade gigantesca com os seus usuários. Tenho certeza de que você sabia que a mudança de marca, de Facebook para Meta, iria gerar uma hype absurda em torno do termo metaverso. A questão é que, neste momento, você está dando às pessoas a impressão errada do que é VR, metaverso e até web3. 

O problema é que o termo metaverso foi introduzido de uma forma errada, no tempo errado, para gerar hype, e não por causa da tecnologia em si. 

Eu posso estar errada, mas parece que o único foco tem sido apenas marketing, a busca desenfreada para se posicionar no mercado como empresa pioneira do metaverso, sem antes ter uma base tecnológica bem estabelecida no setor.  
Nessa corrida para atingir o pioneirismo, você preocupou-se mais em jogar novas pessoas para a sua experiência incompleta do que nutrir a comunidade que você já tinha.

Para você, é quantidade versus qualidade, e isso está ficando cada vez mais claro para mim. 

Ao longo do tempo, a base de desenvolvimento cuidadosamente construída da Oculus foi esquecida. E a base da Oculus é o que construiu a empolgação para o metaverso e para a Realidade Virtual. E agora, parece que o metaverso é essa casca oca de potencial, com promessas de funcionalidades tão distantes da realidade tecnológica que parecem filme de ficção científica.

E o que é doloroso sobre isso é que você poderia realmente ter sido o pioneiro. Você poderia trazer o rastreamento de corpo inteiro para mais pessoas. Você poderia desenvolver o rastreamento de olhos e rostos como um padrão da indústria, você poderia construir e alavancar jogos da mais alta qualidade para VR.

Você poderia tornar o Horizon Worlds o melhor aplicativo social de VR, com interoperabilidade, base de blockchain, transações de NFT, para aí sim, introduzir o conceito de metaverso e realizar a mudança de marca. 

Mas, em vez disso, com 1900 funcionários da Horizon, você, de alguma forma, fez algo que parece pior do que o que tinha sido apresentado como metaverso há 10 anos atrás. Ao apresentar ao público o conceito de metaverso como uma invenção do Meta, você desvalorizou todo o esforço investido no setor ao longo de anos. Isso não é justo com os usuários nem com a indústria, Mark.
Você diz que o metaverso é um ambiente aberto e cooperativo, que valoriza a criação e a interação dos usuários, que possui a web3 como base e que é tudo sobre interoperabilidade. Então, agindo completamente contra o espírito da web3, você resolve comprar quase todos os estúdios de jogos de VR de sucesso por aí e não lança nenhum jogo. Ou pior ainda, você os libera como exclusivos apenas para o Quest.

Em essência, você abandonou o que deveria ser o carro-chefe da sua marca. Você resolveu enterrar a marca Oculus, e colocar tudo embaixo do Meta, ignorando completamente a força da marca que solidifica o mercado de VR há 10 anos.
Talvez você só tenha tentado enterrar a marca Oculus porque Palmer Luckey, o fundador original da Oculus, construiu essa base sólida de VR e você o demitiu.

E, olhando para 2017 a 2019, quando tantos aplicativos e jogos de VR foram lançados, quando o VR chat tornou-se popular, parecia que realmente estávamos caminhando rumo ao metaverso. E ironicamente, a única coisa que temos desde então são algumas sequências dos jogos lançados lá atrás. 

Meta, você não representa o metaverso. Espero que o termo volte à tona quando a sociedade e a tecnologia estiverem prontas. 
Também desejo, do fundo do meu coração, que você entenda que metaverso não é monopólio. Metaverso é imersão, cooperação, inovação aberta, e, mais do que nunca, web3.

Obrigada por ler meu desabafo. 

De uma fã da Oculus, entusiasta de web3 e metaverso,
Carol Nunes. 
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