Tenho andado meio sem paciência para NFTs. Não me entendam mal, não falo da tecnologia em si – que, por sinal, é fantástica – mas sim, da ideia que as pessoas ainda têm sobre NFT.
Sim, 2021 foi o ano dos Tokens não fungíveis, e isso fica claro quando vemos que a palavra do ano escolhida pelo dicionário Colins foi justamente NFT. Foi incrível ver uma tecnologia tão complexa, descentralizada e que é criada em uma rede blockchain cair no conhecimento popular (até a minha avó já ouviu falar).
O problema é que a hype trouxe o bônus e o ônus. Se, por um lado, as pessoas agora têm o mínimo de noção da existência de NFTs, por outro, a crença sobre a utilidade do token não fungível ainda está atrelada a colecionáveis digitais, ou melhor, “ao desenho de macaquinho caro que o Neymar comprou”.
Isso me deixa frustrada, já que NFTs são muito mais que isso. Vou provar meu ponto: uma das utilizações mais brilhantes para esse tipo de token é no mercado financeiro. Em diversos aspectos, os tokens não fungíveis, juntamente com a própria tecnologia blockchain, podem ser o que as instituições financeiras sonharam por décadas (potencialmente valem mais do que o valor de mercado do Bitcoin).
Para entender o potencial da tecnologia no mercado de finanças, vamos analisar algumas características dos NFTs:
1) Armazenamento seguro de dados A beleza da tecnologia blockchain é que os dados inseridos na rede não podem ser alterados ou falsificados (tirando algumas exceções improváveis). Isso cria oportunidades importantes para as instituições financeiras encarregadas de gerenciar dados confidenciais. Por exemplo, as instituições financeiras são altamente regulamentadas, mas a fraude de dados continua sendo um grande desafio.
Por serem altamente versáteis e únicos, os NFTs, em conjunto com outros elementos tecnológicos, como plataformas de armazenamento de dados criptografados, podem ajudar a melhorar a segurança da infraestrutura financeira.
Imaginem se utilizarmos NFTs, colocando dados de controle interno on chain, e dados confidenciais off chain, armazenados de forma criptografada? Isso cria um registro imutável de onde ativos importantes estão armazenados, mas sem que informações sensíveis sejam reveladas.
2)Serviços de DeFi e Fintech A combinação de NFTs e DeFi (finanças descentralizadas) produzirá inovação gigantesca no ramo de Fintechs. Por exemplo, os tokens não fungíveis podem servir como garantia de um empréstimo.
Os credores são capazes de cobrar taxas de juros mais altas do que as dos empréstimos tradicionais e os mutuários podem ter acesso aos fundos sem ter que vender seus ativos digitais. Esse tipo de funcionalidade já está sendo utilizado por plataformas como a NFTFI. Imaginem trazer esse tipo de utilização para as finanças tradicionais?
No mais, da mesma forma que os fundos de cripto surgiram em resposta ao crescente valor das criptomoedas, também estamos vendo um surgimento de fundos relacionados às NFTs.
3)Conclusão O setor financeiro é apenas uma das diversas aplicações para os tokens. No entanto, desentranhar da cabeça da população de que NFT é muito mais do que um colecionável digital, de que o que eles conhecem é só a pontinha do iceberg, tem sido uma tarefa árdua. É por isso, caros leitores, que eu ando meio sem paciência quando o assunto é NFT.
