23/04/2024 às 13h42min - Atualizada em 23/04/2024 às 13h42min

Venezuela abandona dólar e adota criptomoedas para negociar petróleo; entenda

A PVDSA, empresa estatal de petróleo da Venezuela, adota o Tether (USDT) para viabilizar a exportação de seus produtos

Venezuela pode usar criptomoedas para driblar sanções_Crédito_Getty Images
Com a imposição das sanções econômicas dos Estados Unidos, a Venezuela busca uma nova estratégia para contornar as restrições comerciais, mirando agora nas criptomoedas. Segundo informações da Reuters, a PDVSA, estatal encarregada da produção e comércio de petróleo no país sul-americano, está considerando seriamente essa abordagem inovadora para suas negociações petrolíferas.

Desde o ano passado, a Venezuela vem gradualmente implementando o uso do Tether (USDT), uma das principais criptomoedas do mundo, para transações de petróleo. Embora em escala reduzida, essa mudança sinaliza uma ruptura significativa com o status quo, introduzindo um "dólar virtual" no cenário das negociações de energia.

O Tether, classificado como uma stablecoin, oferece à Venezuela uma alternativa confiável, garantindo paridade com o dólar norte-americano. Esse movimento estratégico ganha ainda mais relevância diante das recentes sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, que podem bloquear receitas de petróleo em contas estrangeiras do país sul-americano.

No entanto, a transição para as criptomoedas não é isenta de desafios. O temor da Venezuela reside na possibilidade de bloqueios de acesso às suas reservas tradicionais devido às sanções americanas. A flexibilidade e a relativa anonimidade das transações em criptomoedas oferecem uma resposta convincente a essas preocupações, tornando mais difícil para as potências externas interferirem nas operações venezuelanas.

O momento dessa mudança não poderia ser mais oportuno. Com a recente flexibilização das restrições à importação de petróleo venezuelano pelos EUA, a adoção das criptomoedas oferece uma solução prática e resistente a futuras incertezas geopolíticas.

A história recente do petróleo venezuelano é turbulenta, marcada por escândalos de corrupção e tensões geopolíticas. No entanto, sob a liderança do ministro do Petróleo, Pedro Tellechea, e com a remoção das sanções americanas, o país testemunhou um ressurgimento notável em suas exportações de petróleo, atingindo os maiores níveis em quatro anos.

 

"Temos várias moedas diferentes [para negociar petróleo], de acordo com o que está previsto em contrato", disse o ministro do Petróleo venezuelano, Pedro Tellechea, à Reuters, na semana passada.


Apesar dos avanços, a migração para as criptomoedas enfrenta obstáculos significativos. Parcerias com intermediários e a dependência de corretoras de criptomoedas são cruciais, mas também suscetíveis a sanções externas, dificultando as negociações diretas com grandes consumidores, como a China.

Apesar do dólar manter sua posição dominante nos contratos globais de petróleo, a Venezuela está gradualmente ampliando o uso do USDT como uma alternativa viável. A PDVSA, além disso, agora requer que novos clientes possuam criptomoedas em uma carteira digital para facilitar as negociações.

De acordo com a Reuters, a PDVSA está recorrendo a intermediários para garantir a execução das transações com USDT. No entanto, essa abordagem também está afetando a margem de lucro da empresa nas negociações.

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