06/11/2023 às 13h41min - Atualizada em 06/11/2023 às 13h41min

Banco Central escolhe tecnologia para abrigar o Drex, nova moeda digital do Brasil

Rede Hyperledger Besu é baseada na rede Ethereum e promete trazer segurança e eficiência para as transações financeiras

O Banco Central do Brasil está pavimentando o caminho para a transformação do panorama financeiro nacional através do desenvolvimento do Drex, a sua mais recente iniciativa no universo das moedas digitais. A singularidade desta nova moeda reside no seu formato totalmente digital, impulsionado por uma escolha estratégica: a rede DLT (Distributed Ledger Technology) Hyperledger Besu.

A Hyperledger Besu, embora construída com princípios assemelhados às redes blockchain, assume uma posição notável ao utilizar a tecnologia baseada na rede Ethereum, a segunda maior criptomoeda do mundo. Esta escolha estratégica não apenas fundamenta o Drex, mas sinaliza uma mudança paradigmática no setor financeiro.

A participação da Hyperledger Besu na Fundação Hyperledger, um consórcio com cerca de 80 empresas, incluindo a brasileira GoLedger, desempenha um papel crucial nesse avanço. Com quase seis anos de atuação, a GoLedger é uma especialista em Hyperledger Besu e Hyperledger Fabric, facilitando a entrada de empresas no mundo emergente da Web3, abraçando tecnologias como blockchain, criptoativos, e NFTs.

Em uma entrevista exclusiva à EXAME, Marcos Sarres, CEO da GoLedger, destacou os benefícios substanciais que o segmento financeiro pode colher com o uso de tecnologias avançadas como a Hyperledger Besu. Ele ressaltou a confiabilidade e programabilidade do blockchain, sublinhando a capacidade de armazenar não apenas dados, mas também processos - um conceito explorado pelo Drex, baseado na rede Ethereum.

“O segmento financeiro está sendo muito beneficiado, porque o blockchain tem confiabilidade e programabilidade. Consegue guardar não apenas dados mas também processos, como é o caso do Drex que usa um processo derivado da rede Ethereum, um conceito técnico extremamente avançado (Ethereum Virtual Machine) que traz programabilidade de forma a concatenar eventos para que todas as partes estejam em uma mesma fotografia independente do nó que vc esteja. Isso torna o blockchain uma solução extremamente interessante e poderosa pra processos e foi isso que o Banco Central viu”, explicou Marcos Sarres, CEO da GoLedger.

A imutabilidade dos dados registrados em redes como a Hyperledger Besu abre portas para uma nova camada de segurança nas transações financeiras. Marcos Sarres enfatizou que a rede é capaz de garantir a integridade do histórico das transações, oferecendo uma base confiável e inalterável.

A escolha do Banco Central pela Hyperledger Besu reflete o interesse nas características das finanças descentralizadas (DeFi). A Hyperledger Besu, como cliente da Ethereum, destaca-se no universo das finanças descentralizadas, um setor em ascensão no mercado cripto. Este destaque se dá pela oferta de serviços e produtos programáveis e digitais, imitando os tradicionais serviços bancários.

Diferenciando-se dos blockchains tradicionais, a rede do BC será permissionada, exigindo autorização do Banco Central para acesso. Marcos Sarres, em sua entrevista, explicou a importância disso para garantir a programabilidade e a interligação do sistema financeiro, permitindo transações ágeis entre os bancos.

O futuro da interação com o Banco Central na rede do Drex será protagonizado por bancos e instituições financeiras, que atualmente estão em fase de testes no projeto piloto do Real Digital.

A implementação do Drex é uma etapa crucial na agenda de inovação do Banco Central, que, segundo especialistas, reserva ainda mais espaço para o progresso no setor financeiro. Com a perspectiva de operações mais rápidas, confiáveis e transparentes, o Drex promete trazer vantagens comparáveis ao impacto positivo gerado pelo Pix e pelo Open Finance.

A escolha da tecnologia blockchain e da Hyperledger Besu para impulsionar o Drex é vista como um passo significativo na evolução do sistema financeiro brasileiro. Essa nova empreitada promete redefinir o cenário das transações financeiras, trazendo inovação e eficiência para benefício de toda a população.

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