O IBOVESPA fechou em baixa de 1,01%, aos 103.326 pontos, perto da mínima do dia, de 103.321 pontos, pressionado pelo noticiário corporativo e declarações de membros do governo, como da ministra do Planejamento, Simone Tebet, que pioraram a percepção de risco e abriram a curva de juros.
Pesou sobre o índice, principalmente, o desempenho das ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4), que fecharam em queda de 2,75% e 2,61%, respectivamente. A petroleira estatal foi impactada pelos rumores de mercado sobre as mudanças na estatal e por falas do seu novo diretor executivo (CEO), que realizou uma coletiva de imprensa e uma teleconferência com analistas, após a companhia ter publicado, na véspera, seu resultado do quarto trimestre de 2022.
A performance da Petrobras acabou respigando também no cenário macroeconômico – que teve outros gatilhos durante o dia.
“No Brasil, a curva de juros abriu mais por conta dos comentários internos. Segue a pressão do governo, hoje até em um front novo, sobre a pressão do Banco Central. Hoje foi a Simone Tebet [ministra do Planejamento] que cobrou uma baixa de juros”, expõe Rodrigo Jolig, co-CEO e diretor de investimentos na Alphatree Capital.
Simone Tebet, que participa do Conselho Monetário Nacional (CMN), era vista, até então, como uma ala mais técnica do governo que protegeria o BC.
A declaração da ministra veio após a divulgação do produto interno bruto (PIB) brasileiro do quarto trimestre. A queda de 0,2% veio em linha com o consenso, mas analistas pensam que a pior performance da economia pode aumentar as pressões sobre a instituição monetária.
O PIB cresceu 2,9% em 2022, mas recuou 0,2% no 4T22, o que pode ampliar as críticas do governo ao Banco Central e taxas de juros elevadas. Inclusive, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que espera gesto positivo do próximo Copom. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que arcabouço fiscal deve ser concluído nesta semana e o presidente Lula afirmou que a Petrobras deveria usar metade dos dividendos para investimentos.
Petrobras ON #PETR3 caiu 2,75% e #PETR4 -2,61%. A empresa anunciou lucro líquido de R$ 43,3 bilhões no 4T22, alta de 38%, e de R$ 188,3 bilhões em 2022, o maior lucro já registrado por uma empresa de capital aberto. Além disso, anunciou o pagamento de R$ 35,8 bilhões em dividendos (R$ 2,745 por ação) e o conselho sugeriu manter R$ 6,5 bilhões dos dividendos em reserva. O Globo publicou ainda que, a pedido do governo, a Petrobras estuda acabar com paridade internacional de seus preços, hoje de 100%, e vincular só 15% ao exterior.
Segundo o Research da XP Investimentos, em relatório, os dividendos vieram acima do esperado, mas parecem ameaçados com a proposta de uma reserva estatutária. Em coletiva, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates disse que o PPI não será único parâmetro para a companhia, negou intervencionismo do governo e disse que dividendos precisam ser equilibrados com investimentos.
Ambev ON caiu 2,52%, após resultados do 4T22, que vieram em linha com o esperado pelo mercado. A Ambev teve lucro de R$ 5,1 bilhões no 4T22, alta de 35,7%, e receita de R$ 22,7 bilhões, avanço de 3,1%.
EDP Brasil ON #ENBR3 disparou 14,7%, com proposta de oferta pública de aquisição de ações (OPA) para fechamento de capital, com o pagamento de R$ 24 por ação. Hoje, os papéis fecharam a R$ 22,52.
Em NY, Dow Jones subiu 1,05%, S&P 500 +0,76% e Nasdaq +0,73%.
