A CERC, uma empresa de infraestrutura para o mercado que registra ativos financeiros, incluindo recebíveis de cartão de crédito, ultrapassou, somente nos primeiros dias de maio, a marca de 20 milhões de duplicatas registradas na plataforma Corda, ambiente onde as registradoras trocam informações com segurança. Nos últimos dois anos, o volume financeiro de duplicatas registradas pela empresa atingiu R$ 52 bilhões no ambiente de interoperabilidade. Após três anos de operação, a plataforma em Blockchain está testada e apta para garantir o registro único de todos os ativos financeiros.
A plataforma também está pronta para o registro das duplicatas escriturais cuja regulamentação está prevista para os próximos meses. A expectativa é que sejam registradas entre 500 milhões e 1 bilhão de duplicatas escriturais por ano, movimentando até R$ 11 trilhões.
Fernando Fontes, CEO e cofundador da CERC, explica que a plataforma permite registro seguro de diferentes ativos, incluindo o registro dos lastros de fundos de investimento estabelecidos pela nova regulação da Comissão de Valores Mobiliários.
“Durante esse período conseguimos aprimorar o sistema de interoperabilidade e garantimos que o registro realizado está íntegro, é único e está disponível para ser usado com segurança em operações de crédito”, diz o executivo, que reforça que “o sistema funciona para diversos tipos de ativos financeiros, como os lastros dos FIDCs que passarão a ter o registro obrigatório a partir de outubro”.
Para Fontes, ter um ambiente de interoperabilidade robusto é fundamental para a evolução das regulamentações do setor e seu impacto positivo no mercado de crédito. “As mudanças regulatórias dão mais eficiência ao Sistema Financeiro Nacional e trazem mais transparência e credibilidade para um mercado que tem grande potencial, incluindo as novas regras de fundos de investimentos”, diz.
Ambiente de interoperabilidade e Blockchain
O sistema de registro é compartilhado por todas as empresas do setor. Juntas, elas somaram mais de 35 milhões de operações de duplicatas. Por meio da plataforma Corda as empresas trocam informações sobre registros com segurança, criptografia, controle de acesso e preservação da privacidade dos dados.
Marcelo Maziero, cofundador e presidente do conselho da CERC, explica que esse ambiente de interoperabilidade CERC-Corda é o primeiro caso de uso de registradoras conectadas entre si por Blockchain.
“A plataforma foi projetada especificamente para ambientes altamente regulamentados com requisitos exigentes em torno da qualidade de serviço e da infraestrutura de rede em que operam, tornando-o uma base de tecnologia ideal para uma plataforma de negociação”, diz o executivo.
O diretor de vendas da R3 para o Brasil e América Latina, Marcelo Eisele, acredita que a consolidação do Blockchain, e da plataforma Corda, como meio de registro de recebíveis é mais um passo para a verdadeira digitalização do mercado financeiro e o desenvolvimento de uma economia aberta, confiável e duradoura. “A realidade é que várias aplicações estão sendo testadas atualmente, envolvendo desde a troca automática de ativos em remessas internacionais até pagamentos offline, utilizando tokens que seguem regras pré-estabelecidas”, enfatiza Eisele, lembrando que “o próximo passo é a implementação do Real Digital, que certamente se beneficiará muito com a interoperabilidade desenvolvida em aplicações como as do CERC.”
“A tokenização e a regulamentação de uma exchange de criptomoedas é uma tendência para o setor de recebíveis e isso pode impulsionar o segmento por facilitar transferência de tokens e auxiliar na criação de um mercado global de capital de recebíveis”, finaliza Maziero.
Aporte de U$ 2 milhões
Em novembro do ano passado, a CERC concluiu uma rodada de captação de R$ 550 milhões liderada pelo Mubadala Capital. Em janeiro deste ano, atingiu a marca de R$ 1 trilhão em valor financeiro em recebíveis de cartões.
