17/02/2023 às 15h30min - Atualizada em 17/02/2023 às 15h30min
Como as NFTs estão preparando o caminho para a popularização do DeFi e do Real Digital
Rogerio Melfi, membro da curadoria de eventos e comunicação da ABFintechs
A crescente popularidade dos NFTs (non-fungible tokens) está preparando o caminho para a popularização do DeFi (decentralized finance) e do Real Digital, dois conceitos que estão mudando a forma como as pessoas lidam com o dinheiro e a propriedade. Os NFTs são tokens digitais únicos que representam propriedade de bens virtuais, como arte, música, ingressos e outros bens.
Baseados em tecnologias descentralizadas, como o Ethereum, permitem que os usuários tenham propriedade verdadeira e exclusiva de bens digitais. Essa propriedade, por sua vez, é registrada na blockchain, o que garante a sua segurança e transparência de forma descentralizada.
É importante pensarmos que a popularidade dos NFTs tem sido fortemente impulsionada pela crescente aceitação da tecnologia blockchain e pela alta demanda por bens virtuais. Isso tem levado as pessoas a aprenderem sobre tecnologias descentralizadas e a entenderem como elas podem ser usadas para garantir a propriedade e a segurança dos bens digitais. Segundo relatório feito pela plataforma de dados Statista, em 2022, cerca de 5 milhões de pessoas no Brasil possuem um NFT, aproximadamente 2,3% da população. Nesse ranking, o Brasil fica atrás da Tailândia, com 5,6 milhões de usuários ativos da tecnologia.
Já o DeFi é uma extensão natural desse conceito. Ele se refere às aplicações financeiras que são baseadas em tecnologias descentralizadas, como blockchain, e que permitem às pessoas terem acesso a serviços financeiros sem a necessidade de intermediários. Isso inclui itens como empréstimos, pagamentos e investimentos. Baseado no princípio da descentralização e na eliminação da necessidade de intermediários financeiros tradicionais, o DeFi permite aos usuários o maior controle sobre seu dinheiro e suas finanças, além da segurança e transparência.
Nesse sentido, importante destacar que o Real Digital, também conhecido como CBDC (moeda digital do Banco Central), pode ser a resposta do sistema financeiro tradicional para o DeFi, pois trata-se de uma moeda digital emitida pelo Banco Central, e tem como objetivo atribuir novas funcionalidades à moeda. Proporcionando a mesma segurança sobre transações aos brasileiros, o Real Digital é capaz de permitir a inclusão financeira, aspecto tão importante em nosso país ao meu ver.
Com previsão de lançamento para o próximo ano, vale ressaltar que o Real Digital ainda está em fase de estruturação e deve ter sua implementação prevista, em um primeiro momento, somente para os níveis bancários e institucionais (atacado). Tudo isso de forma a garantir que o sistema esteja completo, seguro e eficaz, evitando possíveis problemas de escalabilidade. Em um futuro próximo, é esperado que o Real Digital esteja sim disponível para uso no varejo, permitindo que as pessoas realizem transações financeiras com este ativo.
Acredito que essa é a hora de começarmos a experimentar e nos familiarizar com as NFTs e serviços financeiros descentralizados, pois embora essas tecnologias ainda estejam em constante transformação, possuem total potencial de revolucionar a forma como lidamos com dinheiro e ativos. Na ABFintechs, temos comitês dedicados a pautas relacionadas ao mercado de fintechs, que contam com a participação dos associados e mantenedores da associação, para que assuntos como DeFi e Real Digital sejam explorados e já estejam no radar de todos.