26/01/2024 às 10h42min - Atualizada em 26/01/2024 às 10h42min

Polícia Federal prende esposa do 'Faraó dos Bitcoins' nos EUA

Mirelis Diaz Zerpa é detida por ilegalidade de permanência; entenda o caso

A mulher de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o “Faraó dos Bitcoins”, foi presa em Chicago, nos Estados Unidos. A prisão foi realizada pela Polícia Federal brasileira. Apesar de a venezuelana Mirelis Diaz Zerpa estar foragida há mais de dois anos, acusada de montar um esquema de pirâmide financeira disfarçado de investimento em bitcoins, a prisão ocorreu devido à ilegalidade de permanência nos EUA.

A captura de Mirelis, que aconteceu na última quarta-feira (24), foi confirmada pela PF apenas na noite desta quinta-feira (25) e contou com a cooperação do U.S Immigrations and Customs Enforcement (ICE) e do Serviço Secreto norte-americano. Um mandado de prisão havia sido emitido contra a mulher pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro pelos crimes praticados contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa.

Segundo as investigações da PF, Mirelis e o marido chegaram a lavar o equivalente a cerca de R$ 38 bilhões entre 2015 e 2021. De acordo com a Operação da PF batizada de Kryptos, a venezuelana era proprietária de uma empresa de consultoria em Cabo Frio, na região dos Lagos do Rio de Janeiro, que firmou contratos, a partir de 2015, para prestação de serviços de investimentos em bitcoin. A negociação, oferecida ao público, incluindo pessoas jurídicas, prometia altos rendimentos fixos mensais, em torno de 10%. No entanto, o esquema não tinha autorização junto à Comissão de Valores Mobiliários.

Em nota publicada nas redes sociais, a defesa de Mirelis afirmou que a mulher tem a seu favor um habeas corpus relativo à operação da PF, expedido pelo Superior Tribunal de Justiça, e que o motivo da prisão foi “uma irregularidade formal no visto”, o que era de seu desconhecimento e de seus advogados, disse em um trecho.

O “Faraó dos Bitcoins”

O marido de Mirelis, Glaidson, está preso desde a primeira fase da Operação Kryptos, em agosto de 2021. Ele foi capturado pela PF em uma mansão no Rio. Os agentes encontraram, na ocasião, mais de R$ 13,8 milhões em dinheiro e barras de ouro. O “Faraó dos Bitcoins” responde a 13 ações penais e tem contra ele seis prisões preventivas decretadas.



Glaidson foi ouvido na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Criptomoedas, em julho do ano passado, e negou que a empresa dele funcionava como fachada para um esquema de pirâmide financeira. Ele afirmou, ainda, que foi a operação da PF que impediu a GAS Consultoria e Tecnologia de honrar seus compromissos com os clientes. Na mesma época, em um vídeo publicado nas redes sociais, Mirelis afirmou estar vivendo “uma injustiça que nunca imaginou que viveria”.

Quem é 'Faraó dos Bitcoins'

Até 2014, Glaidson Acácio dos Santos recebia pouco mais de R$ 800 como garçom, em um restaurante chique na Orla Bardot, em Búzios, Região dos Lagos. Em 7 anos, tornou-se milionário que movimentou pelo menos R$ 2 bilhões em uma empresa suspeita de aplicar o golpe conhecido como "pirâmide".

A GAS Consultoria Bitcoin, empresa de Glaidson, prometia 10% de lucro em investimentos de clientes no mercado de criptomoeadas. Segundo a investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), que levou à prisão de Glaidson, a firma nem chegava a investir em bitcoins – os lucros eram pagos aos clientes enquanto o dinheiro de outros entrava.

Com a GAS, Glaidson conseguiu ascensão e acumulou fortuna. Mais de R$ 7 milhões foram apreendidos em uma casa em Búzios, balneário vizinho a Cabo Frio, em 2021. O dinheiro estava em três malas e seria levado para São Paulo por um casal que trabalha para empresa dele.

A casa do empresário, em Cabo Frio, é avaliada em R$ 9 milhões, tem segurança e carros de luxo na porta.

Mas ele foi preso no Rio, em outra mansão. Lá, foram encontrados mais de R$ 13,8 milhões em dinheiro, e até barras de ouro.

Um policial afirmou que não tinha visto tanta quantidade de dinheiro em espécie nem nas apreensões da Operação Lava Jato.
Além de reais, havia 100 libras esterlinas, dólares e euros. Na garagem, foram achados um Porsche e uma BMW.

A GAS Consultoria Bitcoin, empresa de Glaidson, foi investigada por dois anos. Em um depoimento à polícia, ele chegou a negar que mexesse com criptomoedas. Afirmou que atuava com inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de softwares.

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